O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul negou na terça-feira (06.05) um habeas corpus para libertar o médico Leandro Boldrini, preso por suspeita de participação no assassinato do filho Bernardo Boldrini, de 11 anos, no mês passado. A decisão, de caráter liminar, foi do desembargador Nereu José Giacomolli, da 3ª Câmara Criminal. Para o desembargador, a omissão do pai pode ser considerada uma forma de participação dele no crime. A defesa diz que o médico é inocente.
“Não há como serem afastadas as fundadas razões de autoria ou participação”, escreveu o desembargador em seu despacho. O documento também traz outro trecho, no qual o Judiciário coloca em suspeita a conduta omissa de Leandro Boldrini: “Em primeiro lugar, não se pode afastar nem mesmo a hipótese, senão comissiva, de omissão penalmente relevante. São fartos os relatos de que o pai não se omitia apenas dos cuidados para com o filho, mas também de defendê-lo das investidas da madrasta. Sua postura negligente e omissa, portanto, à luz de seus deveres legais de proteção e vigilância, pode configurar a participação nesse modo”.
O advogado Jader Marques, que protocolou novo pedido nesta segunda-feira, argumentou que as duas outras acusadas que confessaram participação na morte de Bernardo, a madrasta Graciele Boldrini e a amiga dela Edelvânia Wirganovicz, inocentaram o pai do menino em depoimento à Polícia Civil. Assim como Leandro Boldrini, ambas estão presas temporariamente. O criminalista também disse que não há indícios da participação de Leandro Boldrini na morte do filho e que não haveria perigo se ele fosse posto em liberdade.
O juiz Marcos Luís Agostini, da 1ª Vara Criminal de Três Passos (RS), já havia negado na sexta-feira um pedido da defesa para libertar o pai de Bernardo. Foi ele quem decretou as prisões temporárias, solicitadas pela Polícia Civil, até que a investigação seja concluída. Os responsáveis pelo inquérito policial suspeitam que Leandro Boldrini tenha auxiliado a mulher Graciele a encobrir o crime.
O prazo de trinta dias da prisão se encerrará no dia 14 de maio. Até lá, a Polícia Civil deverá pedir a extensão do prazo por mais trinta dias ou apresentar ao Ministério Público e à Justiça o indiciamento formal dos três suspeitos por homicídio triplamente qualificado.
Quebra de sigilo telefônico revela que criança procurou amiga no dia da morte
A delegada Caroline Machado, que investiga a morte do menino Bernardo, informou que a quebra do sigilo telefônico apontou que ele tentou ligar para uma amiga no dia em que desapareceu. Uma ligação a cobrar foi registrada para Juçara Petry, a Tia Ju, amiga da família que cuidava do garoto, mas não chegou a ser completada.
Segundo a delegada, a chamada foi feita a caminho de Frederico Westphalen (RS), provavelmente com ele já sob efeito de sedativos. O aparelho celular de Bernardo não foi encontrado pela polícia.
O pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, e Edelvânia, amiga da madrasta, estão detidos desde o dia 14 de abril, quando o corpo da criança foi encontrado. Graciele confirmou em depoimento que fez a aplicação do medicamento Midazolam, mas que a morte do menino foi acidental. A amiga confessou que ajudou a esconder o corpo e ambas dizem que o pai não tem participação na morte. Para a polícia, Boldrini teria conhecimento do crime e quer apurar o que realmente cada um colaborou no caso.
O médico Leandro Boldrini disse que sua mulher, a enfermeira Graciele Ugulini, "odiava" seu filho do primeiro casamento, Bernardo, e se referia a ele como "uma semente do mal" que tinha "puxado aquela louca da mãe dele (Odilaine Uglione), que tinha se matado". As declarações constam no depoimento que Boldrini deu à polícia na prisão. A transcrição foi divulgada na quarta-feira (7), pelo site do jornal Zero Hora, que teve acesso ao documento.
O pai também contou que, na data de desaparecimento de Bernardo, foi comunicado por Graciele que o garoto dormiria na casa de um amigo. Segundo ele, o fim de semana do casal foi rotineiro. O médico contou ter ligado várias vezes para o celular do filho, sem sucesso. No domingo à noite, após procurar pelo menino e não encontrá-lo, registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Três Passos.
Fonte: Veja
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