O governo brasileiro vai manter sua posição de não reconhecer a suposta vitória do autocrata Nicolás Maduro nas conturbadas eleições presidenciais da Venezuela se as atas de votação não forem tornadas públicas.
A informação foi confirmada à CNN por fontes do governo que acompanham de muito perto a situação no país vizinho. Segundo as informações apuradas, nas condições atuais, não há como ter reconhecimento do resultado das eleições.
As fontes também confirmaram de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai, de fato, conversar sobre a crise venezuelana com o seu colega colombiano, Gustavo Petro.
Ainda não está definido, no entanto, se os presidentes vão conversar nesta sexta-feira ou no fim de semana, por causa da agenda dos dois.
A ideia é que Brasil e Colômbia fechem uma posição conjunta e divulguem notas coordenadas exigindo, mais uma vez, a apresentação pública de todas as atas com os dados de votação das urnas eletrônicas venezuelanas. Essa é a condição básica para os dois países definirem uma posição oficial sobre o resultado do pleito.
O novo capítulo da crise diplomática foi aberto na quinta-feira (23), quando o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela ratificou a suposta vitória de Maduro no pleito do dia 28 de julho –apesar das muitas evidências de fraude no processo eleitoral.
Além disso, o tribunal determinou, na prática, que as atas eleitorais tanto do Conselho Nacional Eleitoral (o órgão que coordena as eleições no país) como as obtidas pela oposição, que questiona a vitória de Maduro, sejam mantidas em sigilo.
A decisão do Supremo Tribunal não surpreendeu ninguém, visto que a autocracia Venezuela tem total poder sobre o Judiciário do país – que está muito longe de ser independente.
No entanto, com a decisão de manter as atas em sigilo, fica claro que Maduro não tem intenção nenhuma de atender às exigências do Brasil, da Colômbia e de outros países que cobraram transparência no processo eleitoral.
O CNE disse desde a noite da eleição que Maduro ganhou pouco mais da metade dos votos, embora nunca tenha publicado os números completos.
A oposição publicou online o que diz ser 83% das urnas de votação, dando ao seu candidato Edmundo González um apoio de 67%.
A própria Fundação Carter, entidade de defesa dos direitos humanos e da democracia que tem longa experiência em observação internacional de eleições, afirmou que o pleito venezuelano não foi limpo ou justo.
Fonte: CNN Brasil
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