A professora Carla Göbel Burlamaqui de Mello faz história: ela é a primeira brasileira a ocupar o cargo de coordenadora adjunta de física do experimento LHCb (Large Hadron Collider beauty experiment), do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), que abriga o maior acelerador de partículas do mundo. A posse da pesquisadora está marcada para o dia 1º de agosto e o mandato é de dois anos.
“O desafio é enorme, dá um frio na barriga, mas também mostra que o Brasil produz ciência de qualidade e está ganhando cada vez mais relevância no cenário internacional”, diz.
Carla é professora do Departamento de Física da PUC-Rio e desde 2006 atua como pesquisadora do CERN. Ela foi convidada pela recém-eleita coordenadora de física, Yasmine Amhis (IJC Lab-Paris), para atuar como coordenadora adjunta. Sua nomeação foi ratificada pelo Conselho da Colaboração LHCb no último dia 10 de junho.
A colaboração LHCb é um dos quatro grandes experimentos que fazem parte do CERN, que conta com 1.500 membros de 89 instituições em 19 países.
A física estuda as partículas elementares (prótons, nêutrons e elétrons) e a interação entre elas. Para analisarem essas partículas, os pesquisadores realizam experimentos controlados em aceleradores, que criam condições para que esses elementos se manifestem em altíssimas energias. “Da colisão dessas partículas podemos analisar como outras partículas são produzidas e se desintegram, como no início do universo”, explica a pesquisadora.
Um dos papéis do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Grande Colisor de Hádrons), é recriar condições muito similares às que ocorreram após o Big Bang e buscar respostas sobre a formação do universo. O acelerador, de 27 km de extensão, está localizado em Genebra, na Suíça.
Yasmine e Carla serão responsáveis pela qualidade das publicações dos experimentos. As duas também devem indicar coordenadores de grupos de trabalho, definir equipes de revisão e análise de dados e acompanhar todas as etapas até a publicação dos artigos em jornais científicos.
“Importante dizer que todos os grandes avanços tecnológicos sugiram dos estudos científicos. Investir em ciência significa apostar no desenvolvimento e inovação”, destaca a pesquisadora. “O CERN reúne pesquisadores de diversos países, e mais de 100 cientistas brasileiros estão envolvidos em experimentos, mas todo o processo de análise de dados é realizado de forma remota. É claro que participamos de algumas reuniões, mas não estamos fisicamente lá.”
Apesar da participação de pesquisadores brasileiros, o Brasil ainda não é membro do laboratório. “O maior desafio dos pesquisadores brasileiros, ao longo dos anos, independentemente de partido, é a dificuldade de conseguir financiamento”, diz. “Nos últimos anos, temos visto uma fuga de cerébros, pesquisadores estão deixando o país, e é preciso que haja uma política de apoio financeiro à produção científica.”
Fonte: R7
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