As famílias de cinco das nove vítimas da chacina de trabalhadores rurais na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza, distante 1.065 km de Cuiabá, pediram na Justiça indenização de R$ 2,4 milhões. Em abril deste ano, os moradores foram assassinados com requinte de crueldade num conflito pela exploração ilegal de madeira na região. A ação civil foi protocolada no dia 24 de outubro e é assinada pelos defensores públicos Diego Rodrigues Costa e João Batista Coêlho de Araújo Neto.
Um empresário do ramo madeireiro, um ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia e outros dois homens foram denunciados pelos crimes. Atualmente, nenhum dos cinco réus está preso.
No pedido de indenização, a defensoria aponta as situações psicológica, social e econômica prejudicadas dos familiares após o assassinato dos parentes, tendo em vista que as vítimas ajudavam no sustento das famílias.
“Além destes, há de se avaliar, igualmente, o dano moral, conceituado como o prejuízo causado no estado anímico, psicológico e espiritual da pessoa, o que notório pela morte injusta e indevida de um parente íntimo, tais como ascendentes, descendentes, cônjuges e irmãos, como se verifica no caso em apreço”, diz trecho da ação.
O valor da reparação do dano causado foi calculado, segundo a ação, com base no montante em que cada família deixou de receber em razão da morte de cada vítima, que recebia R$ 937 por mês. O lapso temporal usado para o cálculo é ano em que cada vítima completaria 75 anos, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A ação ainda solicita que bens dos réus sejam apreendidos para o ressarcimento das famílias. Entre os posses citadas estão as empresas de Valdelir João de Souza, de 41 anos, apontado como mandante do crime; e a criação de gado de Moisés Ferreira de Souza em uma propriedade rural na região.
De acordo com defensor Diego Rodrigues Costa, que esteve no local da chacina, apenas as famílias de cinco – das nove vítimas, permanecem no local da chacina. Já as outras quatro se mudaram da região com medo de que novas mortes ocorram.
Chacina de Colniza
Consta na denúncia do Ministério Público que, no dia da chacina, Pedro, Paulo, Ronaldo e Moisés, a mando de Valdelir, teriam seguido até a Linha 15 - onde ocorreu a chacina - e, com o uso de armas de fogo e arma branca, executaram Francisco Chaves da Silva, 56, Edson Alves Antunes, 32, Izaul Brito dos Santos, 50, Aldo Aparecido Carlini, 50, Sebastião Ferreira de Souza, 57, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, Samuel Antonio da Cunha, 23, Ezequias Santos de Oliveira, 26, e Valmir Rangel do Nascimento, de 55 anos.
A motivação dos crimes seria a extração de recursos naturais da área. Com a morte das vítimas, a intenção do mandante era assustar os moradores e expulsá-los das terras, para que ele pudesse, futuramente, ocupá-las. No dia do atentado, os denunciados foram reconhecidos pelas testemunhas, conforme o MP.
O grupo de extermínio percorreu aproximadamente 9 km ao longo da Linha 15, assassinando, com requintes de crueldade, aqueles que encontraram pelo caminho, sem dar chance de fuga ou defesa.
Fonte: G1 MT
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