Papel, caneta e calculadora na mão, esta cena se tornou frequente nos supermercados todo começo de mês, brasileiros calculando o que levar e se o dinheiro vai dar pra suprir as compras do mês. Itens que estavam com preços altos como o óleo de soja e o quilo da carne bovina, apresentaram queda nos preços em mais de 14 capitais, segundo dados do Dieese deste mês.
O preço do óleo de soja baixou em todas as capitais. Os recuos variaram entre -14,30%, em Aracaju, e -2,42%, em Goiânia. Em 12 meses, o movimento foi de queda em todas as cidades, com destaque para as taxas de Belo Horizonte (-39,90%), Campo Grande (-36,01%) e Rio de Janeiro (-35,74%). Houve redução do preço nacional e internacional da soja. A demanda enfraquecida no mercado interno influenciou a diminuição dos preços praticados no varejo.
Outro item que apresentou queda foi a média do quilo da carne bovina de primeira em 14 cidades. As quedas ficaram entre -3,09%, em Natal, e -0,10%, no Rio de Janeiro. As elevações foram registradas em Campo Grande (1,84%), João Pessoa (1,47%) e Curitiba (1,35%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram diminuição do valor médio, com destaque para São Paulo (-9,47%). A oferta interna de carne foi maior, mesmo com o aumento das exportações, mas a demanda continuou enfraquecida por causa dos altos preços praticados no varejo.
Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior. "O fator principal para a diminuição do preço da carne está ligado ao preço de grãos, que tiveram uma queda no valor este ano. Nos últimos anos, os produtos se tornaram mais caros, principalmente com o impacto da Guerra da Ucrânia, fazendo com que o custo total para a pecuária ficasse mais cara naquele período. Desta forma, os produtores podem ter uma expectativa melhor para esse ano, até mesmo considerando a exportação da carne brasileira", declarou o executivo.
Um dos itens da cesta básica que continuou em alta foi o preço do açúcar refinado em 14 das 17 capitais. As maiores elevações ocorreram em Aracaju (7,71%), Belo Horizonte (6,51%) e Brasília (4,89%). As taxas negativas foram observadas em Belém (-1,22%), Natal (-0,47%) e Rio de Janeiro (-0,46%). Em 12 meses, houve queda em 14 capitais, com destaque para Natal (-7,96%), Recife (-7,40%) e Campo Grande (-6,70%). As altas foram observadas em Aracaju (2,20%) e Porto Alegre (0,44%). Em Belo Horizonte, o preço não variou. A menor oferta de açúcar, apesar de maio ser o primeiro mês de safra, se deu por causa das chuvas, que dificultam o transporte da cana, e do alto preço praticado pelos produtores.
O preço do tomate aumentou em 14 das 17 capitais, entre abril e maio, com destaque para as taxas de Vitória (12,75%), Belo Horizonte (10,59%) e Belém (9,90%). As quedas mais expressivas foram registradas em Campo Grande (-8,13%) e em João Pessoa (-5,27%). Em 12 meses, o preço médio subiu em 10 cidades, com taxas entre 2,67%, em Goiânia, e 27,81%, no Rio de Janeiro. As retrações mais importantes ocorreram em Recife (-34,78%) e Aracaju (-13,48%). A oferta continuou menor e por isso os preços aumentaram no varejo.
Um dos itens mais consumidos pelos brasileiros, o leite integral, apresentou alta em 14 capitais e a manteiga, em 10. No caso do leite, as maiores elevações mensais ocorreram em Belém (4,80%) e Fortaleza (3,77%). Para a manteiga, os destaques foram Salvador (2,87%), Curitiba (2,58%) e Recife (2,53%). Em 12 meses, o valor médio do leite acumulou aumentos em todas as cidades, com taxas entre 7,70%, em Vitória, e 24,19%, em Recife. O preço da manteiga também subiu em todas as cidades e as variações acumuladas oscilaram entre 1,33%, em Vitória, e 24,42%, em Belém. A entressafra do leite reduziu a oferta no campo e elevou o preço dos derivados.
Para Fábio ''a precificação do leite não depende apenas do desejo do estabelecimento em lucrar mais. A alta dos combustíveis e a escassez da oferta de grãos, agravada pelo conflito na Ucrânia, impactam no valor final do alimento. Não somente a agricultura, mas todas as esferas de consumo dependem da importação, dependem dos combustíveis. Manter-se informado sobre esses processos permite compreender que se há choque em alguma parte da produção, mesmo parecendo distante, o consumidor sentirá a diferença nos preços’’, disse o diretor da Efficienza.
Fonte: Fabio Bouças Agua Boa News
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