O sistema de integração Lavoura-Pecuária (iLP) é uma estratégia de produção que integra culturas anuais e pecuária, no mesmo espaço, em consórcio, sucessão ou rotação, e busca potencializar a sinergia entre os componentes pecuária e lavoura. Na Embrapa, o iLP está inserido em um conceito mais amplo, que são os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
Entre os objetivos desse sistema estão: recuperar a capacidade produtiva do solo; intensificar o uso da terra; disponibilizar alternativas de produção para agricultura de baixo carbono; contribuir para diminuir o desmatamento e melhorar o nível tecnológico e gerencial de técnicos, produtores e colaboradores. Normalmente, a integração Lavoura-Pecuária é implantada em duas circunstâncias: quando a lavoura é cultivada em áreas de pastagens ou quando a pastagem é introduzida em áreas de lavoura.
É possível adotar o sistema de iLP em pequenas propriedades. Contudo é importante que o produtor saiba se o que ele vai produzir tem escala para chegar ao mercado sozinho, ou junto com outros produtores. Após essa etapa, ele vai escolher um arranjo que esteja de acordo com seus recursos, não apenas financeiros, mas também mão-de-obra e infraestrutura.
O produtor precisa se perguntar: Por que integrar? Quais componentes? Que espécies utilizar? Qual o grau de envolvimento que posso dispensar a esse novo desafio? Também precisa definir seus objetivos com a implantação do sistema, que pode ser recuperar áreas degradadas, melhorar a fertilidade dos solos ou as condições dos pastos, diversificar o sistema de produção da propriedade, ter a pecuária como alternativa para entressafra, aumentar a oferta de pastagem no período seco ou ter palhada ao plantio direto. Por isso, fazer um planejamento é essencial. No caso, recomenda-se fazer inicialmente um diagnóstico dos fatores estruturais da propriedade, que são:
1- Área disponível (tamanho e características de fertilidade do solo)
2 – Infraestrutura (máquinas, equipamentos e estrutura física)
3 – Mão-de-obra (quantidade e qualificação)
4 – Mercado dos novos produtos
5 – logística de escoamento
6 – Assistência técnica disponível
Outra questão importante que o produtor precisa observar é a definição do período de tempo que cada componente vai passar no sistema. Pode ser que a integração seja realizada em todos os anos, que o componente grão sirva apenas para recuperar as pastagens, ou ainda que esse componente fique por um período de dois ou três anos e, depois, a pecuária seja estabelecida por outro período pré-determinado.
Em relação aos resultados a serem alcançados pelo sistema iLP, sobretudo os agronômicos, o produtor que deixa de produzir em monocultivos de grãos e da pecuária e passa a utilizar os sistemas integrados, necessita compreender que esses resultados não são apenas as somas dos obtidos pelos dois componentes isoladamente. A interação dos componentes grãos e pecuária proporcionarão resultados, às vezes menos visíveis, mas que precisam ser compreendidos em curto, médio e em longo prazo. É justamente essa integração que determina melhoras nos ganhos econômicos, ambientais e sociais. Isto é aprimorar o que chamamos de “pensamento sistêmico”. Ainda vale ressaltar que esses sistemas mais complexos, menos flexíveis que a pecuária solteira e que preveem intensificação da produção, a gestão se torna mais complicada.
Por fim, o que recomendamos, principalmente para a aplicação do iLP em pequena propriedade, é não fazê-lo em toda a área. Há uma curva de aprendizado das novas atividades que precisa ser cumprida. Pense grande, comece pequeno e cresça rápido!
*Amaury Burlamaqui Bendahan é pesquisador da Embrapa Roraima
Fonte: Amaury Burlamaqui Bendahan - AgroNotícias
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