O ataque de lagartas no milho transgênico pode afetar a produção de Mato Grosso. Os produtores do estado estão preocupados com a ineficiência da tecnologia, que deveria ser resistentes as pragas. Além das perdas no campo, os agricultores calculam o aumento no custo de produção devido o uso de inseticidas. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) já verificou a existência do problema em todas as regiões do estado e está levantando os prejuízos.
Segundo o engenheiro agrônomo Cláudio Gonçalves da Silva, em grandes infestações as perdas podem atingir até metade da produção. “Nós temos quatro tecnologias hoje, duas delas perderam a eficiência. Os produtores estão reclamando porque pagaram pela tecnologia que não está sendo eficiente no combate as lagartas”, afirma.
No município de Campo Verde, a 139 quilômetros de Cuiabá, o agricultor Daniel Schenkel plantou 540 hectares com milho transgênico e já prevê uma redução na produtividade. Isso porque, as lagartas (Spodoptera frugiperda) estão comendo grande parte da lavoura. “Teoricamente a tecnologia deveria funcionar assim: Você tem a tecnologia no pé, a lagarta então raspa, sente a tecnologia e aos poucos ela vai morrendo. Só que não é o que está acontecendo, a lagarta está comendo cada vez mais”.
Mesmo tendo seguido todas as recomendações descritas pela empresa responsável, como a manutenção do refúgio feito com milho não-transgênico ao redor do cultivo, o produtor não teve bons resultados. “Este ano nós fizemos três aplicações de inseticida. Já no milho convencional foram quatro aplicações. Então você paga bem mais caro por uma tecnologia que não dá resultado”. Schenkel calcula uma despesa de R$ 65 mil, aproximadamente R$ 40 por hectare, além do valor pago pelas sementes transgênica que é o dobro da comum.
O presidente da Aprosoja/MT, Carlos Fávaro, aponta a responsabilidade da indústria. “A empresa que vendeu as sementes tem que se responsabilizar por isso”. Segundo ele, a entidade está levantando os prejuízos no milho transgênico cultivado no estado.
Outro lado
A DuPont Pioneer, empresa responsável pela comercialização das sementes Yeldgard e Herculex citadas na reportagem, reconheceu por meio de nota que já há casos de resistência da lagarta-cartucho ao milho transgênico. A multinacional diz que está trabalhando com os produtores para desenvolver práticas de manejo mais eficientes para estender a durabilidade da tecnologia e reforça que esta variedade continua oferecendo controle efetivo contra outras pragas.
Fonte: G1
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