O pequeno Vilymar ainda não tinha 15 anos quando, pela primeira vez, pulou dentro de um caminhão para tentar ganhar algumas moedas. Sentindo o cheiro forte de diesel, trabalhou até seus 18 como ajudante de caminhoneiro. Logo em seguida tirou sua habilitação. Quem precisou de um ajudante então foi ele. Era 1970. No ano seguinte ganhou as estradas do país com seu primeiro Chevrolet que comprou em parceria com o pai, Vicenti Bissoni.
Quinze anos depois deixou sua terra natal. Trocou a fria Botuverá, em Santa Catarina, pela quente Rondonópolis, no Mato Grosso, onde virou administrador da Transportadora Bissoni, empresa em que já trabalhava. Aos 33 anos comprou sua primeira fazenda para criar gado. Aos 35 a segunda. Dez anos depois iniciou-se na agricultura. “Quando comprei a Fazenda Boca da Mata só tinha um pé de limão e um de goiaba”, se lembra Vilymar Bissoni, hoje com 63.
Se engana quem pensa que seu primeiro investimento na Boca da Mata foi em sementes, adubos ou máquinas agrícolas. Na contra mão dos produtores convencionais ele investiu R$ 6 milhões em três silos que juntos armazenam 330 mil sacas de grãos. “Dá para vê-los a uma distância de até 15 km.” A experiência que ganhou trabalhando com logística o fez pensar diferente. “A primeira coisa que construímos foi uma balança e os silos. Depois plantamos”. Vilymar sempre achou que, para poder produzir grãos, deveria primeiro ter onde guarda-los. “Cheguei com a solução antes do problema aparecer”, sorri.
Hoje o catarinense faz parte de uma das linhas de crédito que o governo federal criou para quem precisa investir em armazenamento. Ele está construindo um armazém com capacidade para guardar 700 mil sacas a um custo de R$ 5 milhões. Sua propriedade está entre as 177 unidades que foram financiadas pelo Banco do Brasil no Mato Grosso. Já foram liberados R$ 500 milhões. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, Mato Grosso pode armazenar em torno de 30 milhões de toneladas, 12 milhões a menos do que atualmente produz.
Atualmente Vilymar planta 23 mil hectares de soja, 8 mil de milho e ainda tem 5 mil cabeças de gado para abate e 170 caminhões bi-trem. Da safrinha apenas 32% estão vendidos. A prática de estocar a maior parte do produto vem desde 2011. “O milho é muito sazonal. Guardarmos para vende-lo no melhor momento”, conta Marcelo Caús, responsável pela área comercial de grãos da fazenda.
Em 2014 o preço do milho antecipado estava convidativo, R$ 22,90 a saca. Hoje, com a expectativa de boa safrinha, o preço cai e, segundo Caús, a saca pode chegar a até R$19,00. “Vale a pena esperar.”
Vilymar enche os olhos ao falar da Boca da Mata. “A primeira coisa que você vê quando entra é uma escola em construção. Ela atenderá 180 alunos”. Mais ao fundo, do lado esquerdo, tem um campinho ‘padrão FIFA’. Tem igrejas, posto de saúde e até um telefone público. “O orelhão fica na esquina da minha casa. Sempre que vejo a mesma pessoa frequentando muito ele, já sei que ela está falando com a família e que em pouco tempo ela vai deixar a fazenda. Uma pena”.
Quem sabe essa também queira ganhar as estradas do país com seu primeiro Chevrolet.
A Boca da Mata em questão está localizada no município de Gaúcha do Norte com a comunidade Madre Paulina. E a escola em construção citada pelo agricultor é uma obra de parceria com as fazendas daquela região e a prefeitura de Gaúcha do Norte. A estrutura possui 1.215 metros quadrados.
Fonte: GLOBO RURAL
SELECT * FROM mega_noticias WHERE status > '1' and publicacao <= '2024-04-17 15:53:57' and cat='30' and cod_mega!='1327' ORDER BY publicacao DESC limit 4