Cerca de 1,2 mil trabalhadores que atuam na unidade de Várzea Grande da BRF - criada a partir da associação entre a Sadia e a Perdigão - poderão ser demitidos.
O setor da empresa responsável pelo abate de aves, maior área do grupo, terá suas atividades encerradas na próxima semana.
O principal motivo para o fechamento do setor, conforme a BRF, seria a adequação do volume de produção à atual demanda do mercado.
O grupo ainda afirmou que a área de abates de aves será transferida para outras unidades da BRF e os funcionários serão convidados a trabalhar em unidades da empresa em outros municípios.
No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Várzea Grande e Cuiabá (Sintia-MT) afirmou que a medida se configura como uma demissão em massa.
Os funcionários teriam sido informados sobre o fechamento do setor produtivo poucos dias antes do encerramento das atividades.
Para o presidente do Sintia-MT, Sidney Aparecido Rodrigues, mesmo a BRF afirmando que irá realocar os trabalhadores em outras unidades, a medida não será válida para os funcionários da empresa.
“Não tem como a empresa realocar todo mundo, é muita gente. Se fosse para eles realocarem todos, não precisaria fechar a unidade. Eles não vão arrumar moradia para aqueles que aceitarem ir para outro município”, afirmou.
Sidney relatou que a companhia de alimentos também está realizando demissões em outros estados.
“Eles dizem que têm empregos em outros lugares, mas também estão fazendo demissões em outras regiões”, argumentou.
De acordo com Rodrigues, o sindicato chegou a negociar com a BRF, para tentar evitar que houvesse a demissão dos 1,2 mil funcionários, porém não obteve sucesso.
“Tentamos fazer com que eles colocassem os funcionários que atuam no abate de aves em outras atividades, mas a empresa disse que não tinha condições”, informou.
A BRF, porém, assegurou que dará oportunidades para os trabalhadores que quiserem atuar em outra unidade da empresa e prestará os auxílios necessários.
“Todos os funcionários que atuam nas linhas que serão paralisadas serão convidados a integrar outras unidades produtivas da BRF, dependendo da disponibilidade de vagas e posições equivalentes”, diz trecho de nota emitida pela companhia de alimentos.
Apesar do encerramento das atividades em seu maior setor, a BRF garantiu que a unidade de Várzea Grande não será fechada, nem vendida.
“Algumas linhas de produção permanecerão ativas e as atividades do administrativo irão funcionar normalmente. No campo, estão previstas adequações no município de Campo Verde para atender a nova demanda por matéria-prima”, diz outro trecho da nota.
A BRF ainda informou que investiu mais de R$ 750 milhões, nos últimos cinco anos, em Mato Grosso. A companhia declarou que mantém quatro unidades industriais e um centro de distribuição no Estado que, juntos, empregam cerca de dez mil pessoas.
Segundo o Sintia-MT, o principal motivo para o encerramento da atividade do setor da BRF de Várzea Grande seria a queda no número de abates, em razão da redução das vendas de carne.
O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindfrigo), Luiz Antônio Freitas, revelou que ainda não foi notificado sobre o fechamento do setor da BRF. Porém, ele confirmou que há queda na quantidade de abates no Estado.
“A capacidade de abates está sendo superior ao que está sendo abatido no Estado. Atualmente, as empresas estão trabalhando com 70% de sua capacidade. Permanecendo essa pouca oferta, pode acontecer que mais indústrias fechem em Mato Grosso”, explicou.
Mesmo com a queda no número de abates no Estado, o presidente do Sintia-MT acredita que seria possível evitar uma demissão em massa e classificou como “desrespeito” a postura da BRF.
“Os trabalhadores passarão por graves problemas financeiros, mesmo com a indenização que terá que ser paga. A empresa deveria ter feito uma análise maior sobre a situação e sobre o impacto causado por esse fechamento repentino”, disse.
Para Sidney, houve descaso no modo como os trabalhadores foram informados sobre as demissões.
“Serão demitidas as pessoas que ajudaram a empresa a crescer. Repudiamos o fato de os trabalhadores terem sido informados de uma hora para a outra, a poucos dias do fechamento do setor onde trabalham”, declarou.
Fonte: Midia News
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